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Chamada de trabalhos

Chamada de trabalhos

Cravos para todos? A memória da Revolução dos Cravos no século XXI

25 a 28 de setembro de 2024, Technische Universität Chemnitz

 

A distância temporal de meio século convida-nos atualmente a analisar as narrativas tradicionais e os padrões de memória coletiva da Revolução de Abril. Neste contexto torna-se particularmente frutífero repensar o papel dos protagonistas da história. Cada vez mais se vai estabelecendo a visão de que não foram os militares portugueses que puseram fim ao colonialismo e à guerra colonial, tendo sido, sim, os movimentos independentistas em Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Cabo Verde a força motriz que conduziria ao colapso do sistema colonial e da ditadura do Estado Novo. “O 25 de Abril nasceu em África”, resume o sociólogo e ativista Apolo de Carvalho. Não é o único. Conferências, livros e debates públicos apelam a uma nova interpretação da Revolução dos Cravos como um legado de memória que pertence a todos.

Por ocasião do 50.º aniversário do 25 de Abril, a conferência Cravos para todos? Memórias da Revolução dos Cravos no século XXI convida a refletir sobre novas formas de ler a Revolução de Abril, centradas em perspetivas pós-coloniais. São bem-vindas comunicaçõesque contribuam para uma perspetiva mais alargada da Revolução, debruçando-se, entre outros, sobre os seguintes tópicos:

1) Que papel desempenha a memória do 25 de Abril nos discursos nacionais dos países lusófonos de África? Como é que a literatura, o cinema e a arte contribuem para desenvolver as suas próprias leituras da Revolução dos Cravos? 

2) Que exigências políticas acompanham a ‘africanização’ do 25 de Abril em Portugal? Poderá o reconhecimento do papel decisivo dos movimentos independentistas na superação do colonialismo e da ditadura levar a uma descolonização tardia das narrativas nacionais em Portugal? Que papel desempenham os coletivos que representam uma perspetiva africana nesta reavaliação da história? 

3) Que lugar ocupam as narrativas dos retornados nesta renegociação de memória e identidade coletiva? Em que medida o reconhecimento dos retornados como vítimas do processo de descolonização é compatível com o papel de destaque atribuído aos movimentos independentistas em África? 

4) O que resta do tão proclamado ‘espírito de abril’ em Portugal face às múltiplas reinterpretações da história? A Revolução continua a ser uma referência histórica da democracia atual? Poderá o reconhecimento do papel decisivo dos movimentos independentistas na superação do colonialismo e da ditadura favorecer também uma memória adequada de outros grupos – mulheres, movimentos clandestinos, arte de oposição – enquanto atores da democratização?

 

A conferência terá lugar na Technische Universität Chemnitz, de 25 a 28 de setembro de 2024, com o apoio do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. As propostas (título de trabalho, resumo de 150 palavras e breve nota biográfica) deverão ser submetidas até 25 de março de 2024 através do seguinte correio eletrónico:  . A decisão sobre a admissibilidade das propostas será comunicada até 25 de abril de 2024.